quinta-feira, julho 22, 2004

A Fina Flor do brega no mundo Fashion ...

    Olá meus queridos amigos, tudo bem com vocês ? Comigo, tudo na mais perfeita desordem, mas ta beleza !
    Sabem, não é de hoje, que quero tocar neste assunto, já tinha um material bem legal, mas em virtude da revolta de Wellington Wilson ( meu computador) e seu HD neurótico, e mais o meu desleixo com o tal backup, perdi tudo que tinha preparado para a série sobre moda. Semana passada tive um tempinho e tomei coragem pra retomar minha pesquisa. Agora aqui está uma parte, do que será : "A Fina flor do brega na moda !".
    Segundo o Aurélio: Moda sf. 1. Uso, hábito ou estilo geralmente aceito, variável no tempo, e resultante de determinado gosto, meio social, região, etc. 2. Uso passageiro que regula a forma de vestir, etc. 3. Maneira, modo. 4. Bras. Modinha.
    Matemáticamente falando, define-se moda como sendo: o valor que surge com mais freqüência se os dados são discretos, ou, o intervalo de classe com maior freqüência se os dados são contínuos. Assim, da representação gráfica dos dados, obtém-se imediatamente o valor que representa a moda ou a classe modal. Esta medida é especialmente útil para reduzir a informação de um conjunto de dados qualitativos, apresentados sob a forma de nomes ou categorias.
    Ao fazermos uma busca do sentido da palavra Moda, identificaremos diversas aplicações e interpretações para a mesma. Antes de mais nada, Moda é substantivo feminino, o que de uma certa forma transferiu para nós, mulheres, a primeira e grande responsabilidade sobre ela.     No sentido sociológico, a moda se transforma em "Fenômeno social ou cultural que consiste na mudança periódica de estilo, de caráter, mais ou menos coercitivo e cuja vitalidade se explica pela necessidade de conquistar ou manter uma determinada posição social". Podemos andar ou estar na moda. Vestir de acordo com o gosto da maioria.Criar a moda e ditar a moda.     Ser o primeiro a usar uma nova criação; servir de modelo. Entrar na moda e começar a ser usado; Lançar a moda e obter fama. Passar da moda, deixando de ser do gosto moderno e tornar-se antiquado.Ou ainda pôr-se à moda, aderindo ao gosto no vestuário ou nas tendências e opiniões.
    Embora todos os povos conheçam alguma forma de traje, historicamente, a moda, compreendida como uma contínua modificação do vestir, exercia influência mais marcante nas classes sociais de vida mais rica, permanecendo o traje estacionário nas classes de vida mais singela, como os camponeses, e nos grupos humanos em que ele possui um valor tradicional ou simbólico, como é o caso dos uniformes militares, das vestes eclesiásticas.
    Existem numerosas teorias sobre a moda. H Spencer interpretou-a como um fenômeno de imitação coletiva. Simmel acrescentou a essa concepção a idéia de que haveria uma tendência das massas para a imitação dos grandes da sociedade e, por outro lado, um esforço continuado destes para se diferenciar do povo. Alguns viram na moda uma imposição artificial por parte de interessados na venda de novos modelos de vestuário. Houve quem dissesse mesmo que "se tratava de um capricho sem lógica".
    E. Grosse viu esse fenômeno relacionado com a origem e o desenvolvimento da arte e do senso estético. Segundo H. Taine, a moda "forma-se na atmosfera moral de uma época, determinada pela raça, pelo clima, pelo momento histórico, com suas necessidades práticas morais e estéticas, sendo traduzida em formas concretas por indivíduos que criam em consonância com o momento, de acordo com a sensibilidade particular, conseguindo assim, ao mesmo tempo, expressar e modificar o gosto de uma época, imprimindo à moda, a característica de algo em contínua transformação".
    A moda de uma época relaciona-se, ainda, com a economia, a moral, a concepção estética predominante, a psicologia em geral. Todos estes elementos se refletiram sobre a moda através dos tempos. È sobre essas influências que iremos refletir a partir de hoje neste espaço aberto a todos que desejem trocar informações sobre esse fenômeno de dar significado ao que usamos, que é a Moda.
Referência Bibliográfica: Enciclopédia Brasileira Mérito. Volume nº 13. p.347. Mérito: São Paulo, 1960.
    Bem, vou dividir a série de posts sobre a moda, por assuntos , vou falar sobre roupas, sapatos, bolsas, enfim ... em cada post vou contar um pouquinho da história, e falar sobre o que é e como estar na moda, ou não !
    Então vamos às bolsas, que eu particularmente adoro !

HISTÓRIA DAS BOLSAS

Da Idade Média ao século XXVII: o nascimento de uma idéia
    Não obstante a evolução da moda no decorrer dos séculos, um item conseguiu manter sua primazia, independente de estilos, evoluções sociais e, mesmo, diferenças culturais. A bolsa fez seu debut nas passarelas fashion durante a Idade Média. Usadas tanto por homens quanto mulheres, assumiu diferentes nomes durante todo seu período evolutivo: bolsa, saco, sacola, pochete, bolso, carteira e retícula, entre outros.
    Durante a Idade Média, as bolsas foram usadas para carregar uma série de implementos indispensáveis aos hábitos da época. As bolsas masculinas, maiores que as femininas, eram geralmente feitas de couro, com o objetivo de carregar documentos e papeis importantes. As femininas tinham o objetivo de armazenar rendas e materiais de costura. Certas bolsas especiais eram usadas, especificamente, para armazenar e carregar itens como remédios, leques, tabaco, rapé, chaves, escovas de cabelo e algumas foram especialmente desenhadas para armazenar relíquias e livros de oração (conhecidas como bolsas relicários).
    Os diferentes tipos de bolsas eram usadas de maneiras características. As pochetes eram pequenas e chatas e presas bem rentes a cintura. Já os sacos eram maiores e suspensos por longos cordões, muitas vezes chegando abaixo dos joelhos. Durante o século quinze, a cidade de Caen, no noroeste da França, tornou-se famosa pela alta qualidade dos sacos e pochetes que produzia. Um dos itens mais aclamados eram as pochetes ou tasques, em veludo da mais alta qualidade, em ricas cores, elaboradamente bordadas com brasões. Durante o século dezesseis a demanda por bolsas cresceu de tal maneira que sociedades especializadas na confecção destes itens surgiram por toda a Europa.
    Foi durante este períodos que surgiram os pockets (bolsos), peças criadas especialmente para uso feminino. Diferentes fontes mencionam este item específico como poket, pucket, poke e palke. Confeccionados em linho, algodão, lona e flanela, no formato dos bolsos atuais, geralmente eram feitos em pares, ligados por fitas ou cordões para serem usados sob as saias e anáguas. Como não ficavam visíveis, não eram muito elaborados.
    Aberturas verticais, em ambos os lados da saia, davam acesso aos bolsos que apresentavam aberturas correspondentes. Alice Morse Earle, em seu livro Costume of Colonial Times, discordando que esses bolsos fossem usados sob a saia afirmou: "estes bolsos eram bolsas ornamentais, as quais eram presas na parte de fora das saias". Eram decorados com ponto de cruz sobre lona e canutilhos e contas sobre veludo. É certo que os trabalhos mais elaborados não eram feitos para serem usados escondidos.
Séculos XVII a XIX : o desenvolvimento da moda
    Com a evolução da moda, mais e mais bolsos foram adicionados às roupas masculinas e no caso das femininas esses bolsos foram ficando cada vez maiores e mais profundos. Como nos dias de hoje, as mulheres do século dezessete tinham o costume de carregar as coisas mais estranhas em seus bolsos: espelhos, sais de cheiro, garrafas de bebidas, leques, etc. No século dezoito, os bolsos femininos adquiriram tal importância que eram deixados em testamento para parentes e amigos. Porém estes bolsos não eram desenhados para carregar dinheiro. Para tal fim foi criado um receptáculo especial chamado pocketbook ou bolso de livro. Este era uma bolsa retangular e chata, na forma de um envelope, para ser carregada na mão. Usada por homens e mulheres, igualmente, era decorada com bordados ou confeccionada em diferentes tipos de couro. Gradualmente numerosos itens passaram a ser transportados nestas carteiras, junto com o dinheiro.
    Com a quantidade de objetos carregados pelas mulheres em seus bolsos, logo tornou-se obvia a necessidade de aliviar o problema estético criados pelas protuberâncias e saliências que desfiguravam a silhueta feminina. No final do século dezoito, a moda evoluiu e os vestidos passaram a apresentar uma silhueta marcada, na qual não havia lugar para bolsos carregados de objetos. Foi para resolver este problema que uma nova bolsa passou a ser um item indispensável nos guarda-roupas fashion: a retícula. Um jornal de Londres comentando este novo acessório, em 1804, declarou: "Enquanto os homens carregam suas mãos em seus grandes bolsos, as damas tem bolsos para carregar em suas mãos". Ainda que muitas retículas fossem usadas presas na cintura, como as antigas bolsas medievais, de forma geral eram carregadas na mão, daí o termo atual de handbag ou bolsa de mão. A moda do século dezenove ditava que as retículas deviam ser confeccionadas do mesmo material das roupas. Em 1807, uma publicação de moda francesa comentou: "As 'indispensáveis' ainda estão na moda e na mesma cor dos vestidos".
    A moda mudou novamente nas décadas de 1860 e 1870. As saias largas, com crinolina, caíram de moda dando lugar às anquinhas, que exigiam, novamente, uma silhueta delgada, fazendo com que as retículas voltassem à moda.
    Em 1880, a princesa Alexandra, filha do Rei da Dinamarca, que mais tarde casou-se com Edward VII da Grã Bretanha, e uma das líderes de opinião da moda na época, tornou popular o uso das chatelaines. Criadas a partir de conceitos medievais, estas pequenas e delicadas bolsas causaram um grande impacto na moda, no final do século dezenove. As chatelaines eram usadas penduradas na cintura. Com a moda favorecendo cinturas minúsculas, todos os acessórios que chamavam a atenção para este fato eram um must.
    No final do século dezenove, a industrialização invadiu o mundo da moda. Fabricantes anunciavam todos os tipos de sacolas, bolsas e carteiras em uma imensa variedade de materiais, estilos e preços. A importação de materiais permitiu o surgimento de bolsas feitas de das mais variadas peles de animais e répteis. Bezerro, foca, leão marinho, lagarto, jacaré e crocodilo eram algumas das mais populares. Em 1880, o couro da moda era o de jacaré. A Bloomingdale's oferecia bolsas deste material em todos os formatos com pequenas variações de tamanho que indicavam seus usos específicos: como bolsas de mão, bolsas de ópera, bolsas para noite, etc.
Século XX : a consagração de uma idéia
No início do século vinte, com o desenvolvimento da industrialização, a facilidade de locomoção mundial e, por conseguinte, do aumento das exportações, uma grande quantidade de novas e atraentes bolsas passaram a ser comercializadas por toda a parte. As bolsas tornaram-se um acessório indispensável ao mundo fashion, com novos e diferentes modelos surgindo à cada estação, especialmente desenhadas para ocasiões especiais e, mesmo, para específicas horas do dia.
No início de 1900, as mulheres começaram a ter uma participação mais ativa na vida diária das famílias. Ainda que muitas das compras fossem entregues e pagas à domicílio, começaram a surgir grandes bolsas de couro, conhecidas como "bolsas de compras". A invenção do automóvel e a facilidade das viagens de trem foram responsáveis pelo surgimento das bolsas de viagem. Feitas de couro, em uma variação das bolsas de compras, estas eram feitas para acompanhar os viajantes e não eram entregues aos carregadores. Por volta de 1900, as bolsas haviam se tornado tão indispensáveis às mulheres quanto nos dias de hoje. De lá para cá, passaram a se tornar, cada vez mais, um objeto de desejo da mulher. Sempre acompanhando as evoluções da moda, grandes ou pequenas, práticas ou femininas, as bolsas conquistaram seu lugar no mundo fashion de forma irrefutável e definitiva.
Costumes e moda ao longo da história Por Lysa Polimeni, do Rio de Janeiro.     Bom, após esse post gigante, deixo aqui, uma seleção com o melhor do pior que encontrei por ai noque diz respeito aos modelitos das bolsas. Dificil escolher uma né ? Tente achar uma que combine com seu estilo, e saia por ai abalando .. ou não ! hehehehe


Beijos pra vc´s e até a próxima !!

terça-feira, julho 13, 2004

O brega revisitado...

    Olá amigos, estou de volta ! Demorei eu sei, mas estava trabalhando no novo visual do Brega. E então ???O que acham ? Espero que tenham gostado !
    Como vocês sabem adoro falar de música ! E hoje vou dedicar o post a um assunto muito interessante, o brega que, antes era abominado e que depois de ganhar uma nova roupagem vira cult.
    A fronteira entre o brega e o chique sempre foi tênue na música brasileira. E ja foi motivo até de tese de mestrado, apresentada sob o título de: Brega: Music and Conflict in Urban Brazil. Master of Music thesis, University of Illinois at Urbana-Champaign, EUA, 1987 - seu autor é: Samuel Mello Araujo Jr.     A tese tem como tema a crescente exposição pública a nível nacional, através da chamada grande imprensa, do temo "brega" associado a cantores populares e seus respectivos repertórios. O primeiro capítulo trata da exclusão das maiorias dentro da hierarquia social no Brasil, mostrando que atribuições de bom- ou mau-gosto podem definir o "lugar" de um indivíduo na sociedade, e de como a nossa indústria dos disco pode refletir estes fenômenos, com suas idéias de segmentação do mercado, estratégias de marketing etc. uma importante conclusão aqui é a de que a própria existência de um mercado fonográfico forte no Brasil se deve ao que se rotula como brega.
    O segundo examina os antecedentes da discussão "música das elites" vs. "música popular", "bom-gosto" vs. "mau-gosto" desde o século 18 com o sucesso da modinha, considerada de mau-gosto por alguns escritores da época, nos salões aristocráticos portugueses e chegando ao sucesso de gêneros como o samba-canção, também acusados de serem exageradamente sentimentalistas e baseados em clichês do bolero e da múisca romântica em geral. A partir deste capítulo, a análise de músicas gravadas por artistas representativos passa a ser explorado na tese como recurso constante.
    O terceiro entra no fenômeno do rock irônico dos anos 80, com a Blitz, Ultraje a Rigor e do Eduardo Dusek, fazendo um comentário crítico a uma certa atitude arrogante das elites no campo da música popular, só reconhecendo como válidas as produções do mundo do samba ou da bossa nova. O quarto trata de cantores como Amado Batista e Carlos Santos, que inventam um estilo todo próprio tendo o repertório da Jovem Guarda como uma importante referência. O quinto e o sexto falam da interseção entre gênero tradicionais brasileiros como o samba e a música sertaneja com o universo brega, redundando em gênros rotulados pela mídia como samba-romântico e breganejo.
    A conclusão sugere que, ao contrário do que as elites e a mídia eliitizada procuraram demonstrar, estigmatizando o brega, há um significado social e estético próprio ao universo brega que é riquíssimo e indispensável para que entendamos melhor a formação cultural brasileira.Trata-se de um tipo musical que costuma estar sujeito à críticas e à preconceitos e que na atualidade vem conquistando um enorme espaço na mídia nacional. Mas quais as razões deste preconceito e quais as razões da atual onda de sucesso desta que é chamada também de música de fossa ou de dor de cotovelo?
    Apesar dos preconceitos e resistências, a música brega vem firmando seu espaço. O sucesso de público do irreverente Reginaldo Rossi é reconhecido pela grande mídia nacional. É lançada uma caixa de cds contendo os maiores sucessos bregas que eram tocados no programa do finado Chacrinha (os tropicalistas Gilberto Gil e Caetano Veloso ficaram de fora do projeto, apesar de tocarem no chacrinha e serem fiéis defensores da estética anárquica do famoso comunicador). Artistas considerados bregas até então esquecidos como Wando, Fábio Júnior e Peninha (pegando carona na regravação de Caetano Veloso, quem diria?, para a música Sozinho) voltam à tona.


     Esse era um post que ja estava querendo fazer há muito tempo, mas acabava adiando e tal, então nos momentos de folga, comecei a anotar algumas musicas que lembrava, outras acabei descobrindo por acaso, fora a ajuda de algumas pessoas, como o moço do Bar, o Art. O que trouxe a tona o post pensado a tanto tempo, foi a trilha sonora do filme Lisbela e o prisioneiro. Que novamente traz o Caetano passeando pelas bandas do então dito brega.

    Apesar da música Sozinho ter sido um grande sucesso na voz de Caetano, não é a primeira vez que ele da os ares da graça do lado de lá da linha, seu flerte com o brega é antigo e sua primeira experiência com esse tipo de música data de 1973, quando em maio, marcou presença no evento "Phono 73", promovido pela gravadora Philips no Palácio das Convenções do Anhembi (SP), cantando a canção "Eu vou tirar você deste lugar", de Odair José, cantor considerado brega. Gravou "Sonhos" , também composta por Peninha, e agora para o filme Lisbela e o prisioneiro gravou o hit que era cantando por Fernando Mendes, "Você não me ensinou a te esquecer".
    Ainda na trilha sonora do filme temos Los Hermanos cantando: "Eu vou tirar você deste lugar" e Elza Soares com "Espumas ao vento", composta por Acioly Neto e originalmente gravada por Fagner.
    E como família que canta unida, regrava unida ... Bethania foi quem primeiro se atrveu a atravessar a linha ... Pioneira na absorção do brega (antes mesmo do tropicalismo), com sua gravação do descabelado bolero " Lama" , ainda nos 60. Gravou pérolas como Negue, do perito na matéria, o recém-falecido Adelino Moreira, e vai além, embrenhando-se no pantanoso Gilson de Casinha branca e Seu jeito de amar. Em 1999, registra no cd "A força que nunca seca", o hit "É o amor" , de Zezé de Camargo e Luciano.
    O fato é que muita gente boa já se aventurou pelo lado de lá, ainda nos cantores de MPB, Marisa Monte já gravou "Eu te amo, eu te amo", do Rei e atualmente anda nas rádios com o sucesso "Esqueça", da autoria de Rossini Pinto, e que já pôde ser ouvida na voz de Roberto Carlos e Reginaldo Rossi. Gravou também o clássico "Ontem ao Luar" de Vicente Celestino.Outra pérola que pode ser ouvida na voz de Marisa, foi composta por Renato Barros, e seu nome é : "Você não serve pra mim", que nos últimos tempos foi gravada também pela banda Penélope e pelo Ira !, ambas tocadas de maneira inusitada, com acordes de rock pesado. A galera do Ira! ressucitou também, uma música do Ritchie chamada : "A vida tem dessas coisas".
    A recem descoberta cantora Ana Carolina tem tido suas músicas nas novelas Globais com freqüência, é outra que se arrisca numa boa pelos lados de cá... que atire o primeiro buda espelhado, quem num momento daqueles de uma baita dor de cotovelo, amarrada numa tipóia de filó cor de rosa, não ouviu o clássico "Que será", originalmente interpretado por Dalva de Oliveira. Ai, meu caro leitor, você pode pensar ... mas Dalva de Oliveira, brega ? Não exatamente, mas quem é que tem envergadura moral pra me dizer o contrário, depois de ouvir o verso : " Que será ... da luz difusa do abajour lilás, que nunca mais viera iluminar... outras noites iguais". E não parou por ai , perguntada por um jornalista qual `música brega' ela tocaria em um show. Ela respondeu com a música "Evidências", de José Augusto. Não é o máximo ?
    Bom, esse post está enorme, já, né ??? Então aqui vai uma listinha básica, com músicas que foram revisitadas e seus intépretes:
Chico César - " Sou Rebelde" - (de Leno e Lilian);
Beto Lee - "Fuscão Preto " - ( de Almir Rogério);
Mundo Livre S/A - "Mon amour, meu bem, ma famme" - ( de Reginaldo Rossi);
Adriana Calcanhotto - "Caminhoneiro"," Por isso corro demais" - (de Roberto Carlos) e "Devolva-me" - (de Leno e Lilian);
Los Hermanos - "Eu vou tirar você deste lugar" - (Odair José) para trilha sonora de Lisbela e o Prisioneiro;
Camisa de Vênus - "Negue" - (Adelino Moreira);
Lulu Santos - "Calhambeque" e "Se você pensa" - ( Roberto Carlos);
Elza Soares - "Espumas ao vento" - (composta por Accioly Neto e interpretada originalmente por Fagner);
Ed Motta - "Bem simples" - (Roupa Nova).
    Apesar dos preconceitos e resistências, a música brega vem firmando seu espaço. O sucesso de público do irreverente Reginaldo Rossi é reconhecido pela grande mídia nacional. É lançada uma caixa de cds contendo os maiores sucessos bregas que eram tocados no programa do finado Chacrinha (os tropicalistas Gilberto Gil e Caetano Veloso ficaram de fora do projeto, apesar de tocarem no chacrinha e serem fiéis defensores da estética anárquica do famoso comunicador). Artistas considerados bregas até então esquecidos como Wando, Fábio Júnior e Peninha (pegando carona na regravação de Caetano Veloso, quem diria?, para a música Sozinho) voltam à tona.
    E a razão de todo este sucesso? Há na estética brega algo como que uma inversão proposital e anárquica de valores, muito bem sintetizada pela frase, proferida pelo humorista e cantor Falcão, "quanto pior, melhor". O que é valorizado é justamente a falta de sofisticação, a simplicidade. Assim como aconteceu no cinema com os chamados filmes "trash ", produções de terror feitas com precários recursos técnicos e que foram elevados à condição de " cult". O critério de avaliação estética é, então, subvertido.
    Há também a predisposição natural da cultura brasileira a tudo aquilo que seja bizarro, grotesco e humorístico. O brasileiro gosta de rir. Rir de si próprio. Sobretudo quando está em estado de embriaguês evidente, numa mesa de bar, ouvindo "Garçom", maior "hit" da música brega.O fato de beber para ouvir é no mínimo intrigante. A irreverência da música parece não ser captada em sua totalidade no estado normal de consciência. soma-se então ao corno, o bêbado, principais elementos da mitologia brega.
    É isso aí galera, vou ficando por aqui cantarolando minhas músicas, para encarar com bom humor a semana que ta começando. Então uma ótima semana pra vocês !
    Beijos e até a próxima !