quarta-feira, dezembro 01, 2004

Mais presente !!!

    Olá pessoal, estou de volta, hoje com mais um presentão !
    O presente de hoje é pra lá de especial, de um moço super gente fina que conheci através do blog . Mais uma, das muitas supresas agradáveis desse mundo blogueiro !
Com vocês, a visão dele do brega ... diretamente do Koisas do Pi®u, para o Brega, Ery Roberto conta pra gente, o que é que o brega tem !

Uma visão do brega

Ery Roberto Corrêa

    Na época da Jovem Guarda, nos idos anos 60, Erasmo Carlos cantava uma Festa de Arromba onde um dia foi parar. A composição, da sua autoria, tinha por mote eternizar aquela turma toda da época, bem como reforçar no contexto algumas coisas inventadas por seus próprios personagens. Sua narrativa confirmava certa característica de linguagem, utilizada de forma corrente durante o período, historicamente importante como movimento musical e de revolução dos costumes da juventude brasileira. Passados quase quarenta anos do famoso "evento", é interessante analisar o caráter sociológico e temporal do brega, sob uma ótica evolutiva.

    Na música brasileira, excetuando-se as recentes tendências relâmpagos, é possível perceber que determinados movimentos foram eternizados por uma força de marketing que envolvia muito mais do que simplesmente o ritmo. A associação de um vocabulário próprio, mesmo que a predominância da gíria fosse certamente passageira, a moda em todo seu poder de persuasão, as influências advindas de uma cultura diferente, não globalizada, eram fatores que davam tintas de rebeldia, mesmo que aos mais evoluídos tudo parecesse uma grande inocência.

    Viver a ocasião em todos os sentidos não era ser brega. Vestir uma calça com aquelas barras parecendo um grande sino de igreja ou de estação ferroviária era ser chique ou no mínimo estar atual, entrar na onda. Usar correntes e medalhões, camisas com rendas, curtir um broto legal de Ray-Ban e dançar twist de tubinho era tudo natural. Mas eram apetrechos, comportamentos e linguagem usados dentro da temporalidade. O comportamento sempre ditou costumes.

    Falando em moda, diz-se que da dos anos 80 nada poderíamos aproveitar, era cafonice total. Igual a tudo dos anos 70: extravagância, fosforescência e excesso de brilhos. Independente do que se possa concluir, foi usado, fez história e principalmente ajudou muita gente a se sentir feliz. Se nada daquilo se pode reaproveitar hoje em dia, nestes tempos de tendência minimalista, é porque o próprio conceito de cafonice ganha rigidez fora do seu tempo e se atualiza dentro da inevitável transformação dos costumes.

    Tudo está atrelado ao estilo. Acredito que as pessoas que são conscientes do seu estilo e conseguem, com naturalidade, evitar o over, cuidando para que este clima não produza o agressivo e o ridículo, não têm com o que se preocupar. É possível produzir-se a partir do equilíbrio, desde que o resultado não roube a identidade, pois afinal de contas todo mundo já percebeu que moda, principalmente, é como onda.

    Lógico que nenhuma festa seria chique com Waldick soriano, Amado Batista, Perla, Gretchen, Wando, Odair José, Christian & Half, Reginaldo Rossi, Agnaldos, Magal, Julio Iglésias, Almir Rogério, Nelson Ned entre outros, em meio a piscinas, carrões, sorrisos, cinema, mil jornais, muita gente e confusões sendo substituídos por calcinhas recebendo os convidados, fuscão preto roncando na chegada, aquele clima melancólico de janela de hospital, todo mundo cantando que não é cachorro não, mas que morre de saudades e de amor por você. Ou que o "estado de corno" só passa com um bom porre e um garçom de confidente, com fundo musical a cargo de Evaldo Braga e seu Sorria, Sorria.

    Igualmente, nem mesmo Erasmo, que para muitos já virou brega (pra mim nunca será), conseguiria reunir a legião do ye-ye-ye, repetindo o clima original. Não cruzaria a Rua Augusta a 120 por hora para esbarrar com Sérgio e Zé Ricardo na chegada de uma Festa de Arromba igual. The Bells de cabeleira sem poder tocar porque a Rosemary não parava de dançar e a Vanderléa morria de rir, certamente tirando uma casca da Cleide que havia desistido de agarrar um doce que do prato não saia, com Tony e Demétrius fumando um baseadinho no jardim, já não pode ser considerado um bom tema para cena chique.

    Também seria difícil fazer Roberto Carlos, parecendo um daqueles leoninos insuportáveis, chegar atrasado novamente só para mostrar o carrão, dizendo pra todo mundo que a caranga era uma brasa, mora!, tremenda máquina quente!

    O chique mais parece um estado de espírito, não deve ser confundido como a antítese do brega. Um sentimento ou uma ação de comportamento que seja considerada essencial, mesmo um valor ético, eventualmente pode "parecer fora de moda", por influência de uma onda. E o lado conservador não hesitará em afirmar que, nestas circunstâncias, o chique é ser cafona.

    Também nada impede que o brega, visto como tendência de ares atemporais, possa ser utilizado de improviso na sua exata medida e lugar, mesmo que tenha feições de radicalidade, mas sem querer impor condição obrigatória. Quando se transforma em natural, depois de devidamente refinado pelo gosto individual, é, por conseqüência, interessante, ao menos para quem com ele se sente bem.

    Enfim, a questão que é reconhecida como derivada da "maneira de ser", da forma de olhar o mundo, não deve proporcionar preconceitos, já que conduz a extremos cuja melhor maneira de tratar é o desprendimento.


    Eu adorei o texto ! E vocês ? Ery, meu querido amigo, mais uma vez, muito obrigada ! A brega aqui é sua fã e foi uma alegria enorme este presente !
    E vocês amigos, leitores, mais uma vez obrigada pela companhia ! Essa semana ainda tenho mais 2 presentes pra publicar ! Tem muita cois boa por vir !!
    Ahhhhh e tem mais, temos um blogueiro novo na área, o Davi, que tal faze-lo uma visita ? Corram lá , no Dias Venturos e confiram !
Beijos pra vocês !!! Valeu :)
PS. : Art, sabendo 4 semanas de amor de cor, como é que posso te negar acesso ao B.A ?!?! Ja está ... vou mandar a carteirinha pelo correio ! hahaahhahaha