quinta-feira, dezembro 16, 2004

Breguice assumida ?! Hummmm...

    Oi Pessoallllllllllll !!! Tudo joia com vocês ? Comigo tudo bem !
    Estou voltando, com outro presente, dessa vez, do meu amigo Guto, que me proporcionou uma grande surpresa !
    O Guto, é sociólogo, mora em belo horizonte e gosta de "ficar sentado na calçada conversando sobre isso e aquilo, coisas que nóis não entende nada*". Lá no Neosaldina com Coca-cola, ele escreve sobre tudo, e sempre vale a visita !
    Então chega de enrolação ! Vamos ao que interessa !

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Vidas Paralelas


    Dias desses andava à toa pelas ruas do centro da cidade. Uma placa, dessas que ficam na entrada dos edifícios mais altos, me chamou a atenção. Tinha de tudo no prédio. Conserto de óculos, sebo, escritório de advocacia, despachante, detetive particular, salão de beleza, ourives. Mas o que mais me interessou foi o pequeno anúncio de uma clínica de "Terapia de Vidas Paralelas". Não é "Vidas Passadas" não. É "paralelas" mesmo. Décimo quinto andar, sala 1509.

    Nunca iria a um lugar como aquele. Mas alguma coisa me levou até lá. Cheguei à sala. Vazia. Umas poltroninhas de vime aguardavam os clientes. Havia uma campainha. Toquei. A porta se abriu. Apareceu uma mulher que se apresentou e me convidou para entrar.

    Expliquei que não entendia porque tinha ido até ali, que não acreditava em nada daquilo, mas que uma curiosidade súbita e irrefreável havia se apossado da minha pessoa. A doutora explicou que é assim mesmo que acontece quando se cruzam de súbito as nossas existências paralelas. No meu caso, segundo a terapeuta, poderia ter sido o cheiro de pastel com caldo de cana que exala da lanchonete da esquina ou o som que vem da banca de CDs piratas que fica de frente para a entrada do prédio. Passou a discorrer sobre a sua teoria.

    Nós somos vários, disse. A realidade é multidimensional e estamos em todas elas. Nossas vidas se constituem pelo entrelaçamento de inúmeros acontecimentos probabilísticos. E toda probabilidade que não se realizou aqui, nesta dimensão atual, aconteceu em algum lugar. Em outra dimensão. Em situações normais não temos consciência disto. Somos vários, porém ignorantes uns dos outros. Mas a "Terapia de Vidas Paralelas" está aí para resolver este problema, falou a doutora.

    Perguntei porque alguém teria interesse em conhecer os seus próprios "outros possíveis" probabilisticamente desacontecidos aqui, mas vivinhos da silva em mundos paralelos. Ela explicou que todos somos vítimas inconscientes da interferência que as nossas várias personalidades dimensionais exercem umas sobre as outras. Pedi um exemplo para facilitar.

    Após a ressalva de que estaria se restringindo, para fins didáticos e científicos, ao campo da cultura, ensinou com calma a professora: Com certa freqüência, pessoas de gosto refinado, acima de qualquer suspeita, se surpreendem atraídas por alguma coisa que escapa dos altos padrões estéticos, literários ou morais com os quais estão acostumadas. Na maior parte das vezes, as pessoas reagem desqualificando profundamente o objeto da atração e culpando os outros pelo deslize.

    É a empregada que insiste em ligar o rádio naquela estação horrível. É a televisão que rebaixa cada vez mais o nível da programação em busca da audiência. É o vizinho que acabou de comprar um CD novo daquele grupo romântico. Muitas desculpas que não amenizam o desconforto de uma resvalada no mau gosto.

     O que as pessoas não sabem é que todo aficionado por jazz aqui pode ser um amante do bolero em outra dimensão. Toda consumidora da Daslu pode usar colant de oncinha lá do outro lado. Todo apreciador de Jack Daniels pode não dispensar um San Remy no mundo paralelo. Tomar consciência de suas múltiplas existências pode servir para quem pretende deixá-las bem separadas umas das outras ou para quem prefere sair do armário multidimensional e jogar tudo numa verdadeira sopa de restos.

    Meio tonto com tantas informações, fui embora sem me submeter ao tratamento. Mas comecei a entender por que eu, um apreciador de Charlie Parker, quase comprei uma coletânea do Kenny G outro dia.


    Gente, eu adorei esse texto, me rendeu boas risadas, me fez lembrar aquelas pessoas que não assumem que escutam alguns cantores bregas, que não assumem que assistiam Chacrinha ... enfim ... pra quem tava mudando de canal e numa mudanças dessas passou pelo programa ! hahaahahahaha
    Bom, ficando por aqui, o próximo texto é do meu querido Dam, que tava sumido, mas que reapareceu e já me reaparece com um presentão que faço questão de dividir com vocês !
     Ahhh já ia esquecendo, mas to adorando o intercâmbio que estes posts vêm promovendo, a galera se conhecendo, visitando os blogs dos meus amigos, enfim , maravilha !!!
    Um beijão enorme a vocês ! :)